domingo, junho 26, 2005

Cada vez os entendo menos...

  • - Notícia de jornal em parangonas:

"PCP/Porto acusa PS de fazer ataque «sujo» a Rui Sá". E acrescenta no interior: «sujo» e «sórdido».Então como é? A memória de Rui Sá e do seu partido é assim tão curta? Como é que esta câmara com todo o seu autismo e arrogância se manteve? Quem foi o aliado? Querem ver que, se não me ponho a pau, ainda fui eu ?!

  • - O falecimento de Hugo Cunha. Algo está mal. As condolências, as homenagens, os elogios, a lástima, a dor, a solidariedade para com a criança... tudo bem. Mas não chega. Que exames médicos são feitos? Qual o acompanhamento médico posterior? Não haverá relação com o treino do jogador e mais particularmente com o chamado treino intensivo que, a determinada altura por qualquer motivo (férias, lesões, cessação da prática desportiva...) é interrompido ou mesmo abandonado? Os médicos desportivos, e não só, não se preocupam com o problema? Estou em crer que os problemas do foro cardiovascular não são menos despiciendos que os de âmbito ortopédico ou estarei enganado? Por outro lado, se a federação, em vez de gastar fortunas com um seleccionador arrogantemente mercenário e sem escrúpulos (para não lhe chamar apenas chulo) e com as mordomias que vai distribuindo eficazmente por comparsas e sequazes e se preocupasse mais com estes problemas, talvez os jogadores estivessem mais protegidos. É evidente.

Assim é que está bem!

Pois é. Eis-nos regressados com pompa e circunstância aos bons velhos tempos do antigamente, com banhos de multidão, com bandeiras desfraldadas em entusiasmo delirante, com a ênfase quase orgástica da comunicação social a empurrar, a empurrar..., com o mesmo discurso "inteligente e criativo" só ao alcance de quem é presidente ( um dia destes estaremos também a ouvi-lo: «estão aqui a dizer-me que é a segunda vez que venho cá, mas eu tenho a certeza que é a terceira!), com o mesmo altruista espírito de sacrifício que só não é entendido por quem não está vocacionado para estas hercúleas tarefas (apesar das constantes ameaças de demissão, agora não se pode abandonar «esta gente»!), com a mesma desenvoltura linguística (mau grado as suas aberrações discursivas, o outro, o tal de antes do 25 de Abril que foi testa de ferro do reaccionarismo infame e caquético que nos atirou para todas as vicissitudes subsequentes, o outro, o que vestia de almirante, conseguia, apesar de tudo, ter um discurso com um pouco mais de nexo do que o desta reincarnação travestida de vermelho!), com as mesmas tiradas bombásticas e ridículas, com...
Pois é. Assim é que está bem. «Ó tempo, volta para trás/ Dá- me tudo o que perdi/ Tem pena e dá-me a vida /a vida que eu já vivi...». Houve tempo em que este estribilho era cantado pelo António Mourão. Agora, com o alto patrocínio da comunicação social, vai ser adoptado como hino oficial dos lampiões.

sexta-feira, junho 24, 2005

Eu não dizia?

  • Eu não dizia? Parece que sou bruxo. D'aquém e d'além mar... Começou em Cabo Verde... O homem promete!
  • - Os árbitros de Coimbra não gostaram? Mas não é o sistema que preconizam?
  • - Quanto ao meu Porto, depois de não sei quantas contratações no sector da defesa, está tudo como dantes, quartel general em Abrantes: na direita nada, na esquerda o Nuno e as lesões não auguram nada de bom, do Leandro não sei, do Areias muito menos. Sei que esta não é a opinião de muitos consócios, mas, para mim, sinceramente, não vi grandes diferenças para melhor do Leandro em relação ao Areias. Com três pontos a favor deste : primeiro, é mais alto; segundo é portista desde miúdo; terceiro, é português. Acho que já há samba a mais a morar «no meu barracão». Penso,porém, que o problema maior reside no centro da defesa, como mais do que uma vez o tenho afirmado. O Jorge Costa e o Pedro Emanuel não podem jogar juntos. Aliás o Jorge já não tem pernas e a experiência não supera as outras debilidades, visíveis a olho nu.O problema é que as alternativas não me parecem consistentes. O Pepe e o Bruno Alves, oxalá me engane, mas parecem-me com falta de classe. O que se gastou desnecessariamente com Alans, Paulos Ribeiros , Leos Limas e quejandos dava de sobra para investir na contratação de um jovem que vai ser um outro Ricardo Carvalho. Estou a referir-me ao Zé Castro. Custar-me-á muito vê-lo num clube rival, mas se a SAD e o presidente têm razões que a razão desconhece que se há-de fazer? Ou será que a nova táctica a implementar vai ser: «todos para a frente e fé em Deus que, lá atrás, o Baía resolve!!!». Olhem que não! Olhem que não!

quinta-feira, junho 23, 2005

Como é?

  • - O presidente da lampionagem anda a candidatar~se às autárquicas? Ou será que está a prepara o terreno para a presidência da república? Vejo-o com tanto tempo de antena em todos os canais que estou em crer que o homem (e mais quem o cerca) almeja qualquer coisa do género. Se calhar, a exemplo do que acontecia a partir de Afonso V, é só para ser proclamado rei de Portugal e dos Algarves, senhor da trafulhice e dos negócios escusos d'aquém e d'além-mar no domínio dos pneus, da imobiliária, etc., etc.Mas o apito dourado é só para os outros.
  • - A desfaçatez, a pouca vergonha e a arrogância desse senhor são tão grandes que já se dá ao luxo de querer impor regras aos outros para todos se ajoelharem perante o todo poderoso. Faz-me lembrar a história do grão-vizir que queria ser califa em lugar do califa.
  • - Diz que os outros prometem e ele cumpre.Não se sabe o quê, mas está bem. Ameaça que se vai embora se mais isto mais aquilo, mas não vai, que ele gosta mais do poleiro da presidência do que um galo na capoeira. E ali, enquanto lá estiver, com a podridão em que o país está e a bajulação dos que o cercam, sabe que ninguém lhe toca e os "negócios" podem crescer, crescer, sempre à vontade.
  • - Já o afirmei diversas vezes. Por que motivo os poderes constituídos não investigam o que se passa há longos anos com as contas dos benfas? E as desse senhor e dos seus comparsas? Conivência? Elementar, caro Watson, elementar!
  • - Raios e coriscos no sector da arbitragem. Mudam-se as moscas... a trampa é a mesma. E anda o palerma do LFV a armar em santo, a arrotar postas de pescada( da mexeruca, é evidente) quando é um dos principais responsáveis, se calhar o mais responsável, pelo estado a que isto chegou. Ai, é verdade, ele é de Lisboa e em Lisboa tudo e todos são honestos, decentes e verticais. Feios, porcos e maus são os outros. Só com chaimites e very-lights se pode defender a pureza da capital contra a horda rebelde que teima em não acatar as imposições de quem pode, manda e quer.

quinta-feira, junho 09, 2005

Bons chefes de família...

No pretérito dia 29 de Maio tive de deslocar-me a Lisboa por razões de natureza familiar e, depois de uns dias em Lisboa e no Alentejo, eis-me regressado aos meus posts.
Mas, como dizia, no dia 29 rumei à capital do império (!!!), onde, na parte da manhã, reinava um estado de euforia fora do vulgar. Carros e buzinadelas provocatórias pressagiavam mais uma "tarde de glória", uma "dobrada" a preceito que voltaria a galvanizar a falange dos "milhões", já um tanto entorpecida por uma semana de sacrossantas comemorações.
No caminho pela marginal até S. Domingos de Rana e à medida que nos aproximávamos do desvio para o estádio de Oeiras o ambiente era de uma festividade prevista , calculada, preparada...Tudo a favor do regime vigente no futebol nacional. Mas o diabo tece-as... tece, tece. Começo por dizer que não vi o jogo nem ouvi o relato.
Pouco faltava para as 17 horas, quando, deixando S. Domingos de Rana, no regresso a Lisboa, ao aproximar-me da portagem de Carcavelos da A5, deparo na cabine de pagamento com um cachecol lampião a toda a largura do cubículo com os seguintes dizeres «graças a Deus não sou tripeiro». Depois do pagamento, virei-me para o funcionário e disse-lhe: «Sabe? Eu, graças a Deus, sou tripeiro!». Ficou a olhar para mim com aquele ar inteligente que a lampionagem costuma ter nestas circunstâncias e nem foi capaz de retorquir. Numa auto-estrada, de serviço público? E ninguém lhe pede satisfações? Se fosse o contrário, cá no Norte! Caía o Carmo e a Trindade. E a imprensa, a rádio e a televisão não faltariam a «badalar». Assim...
Quando arranquei, pus-me a pensar, que, afinal, era um exemplo acabado de um "bom chefe de família" português e, como tal, tudo lhe era permitido.
Depois de ter estado um bom pedaço em casa do meu cunhado, que, apesar de lagarto, liga pouco ao futebol, tive necessidade de me deslocar a casa da minha filha nos Olivais. Como não estava ninguém em casa, propus-me regressar, estranhando contudo o silêncio que se fazia sentir nos cafés vizinhos, apesar de todos estarem a transmitir o relato televisivo e de estarem cheios de assistência. Pensei com os meus botões: «as coisas não devem estar a correr muito bem para os benfas que estão muito calados!». Eis senão quando, de dentro de um dos cafés, sai furioso um rapagão dos seus vinte e muitos anos, cachecol e barrete vermelhos (estava um calor de rachar, mas nestas alturas...) arrastando pelo braço uma rapariga mais ou menos da mesma idade (mulher? companheira?...) e vociferando, sem mais aquelas, espeta-lhe um valente cachação. Não sei se houve mais, porque, entretanto, arranquei. Outro bom chefe de família! Fiquei, porém, com pressentimentos agradáveis.
É evidente que, mal regressei a casa do meu cunhado, liguei logo a televisão e o que pressenti naquela «carinhosa» manifestação de amor conjugal, própria dos "bons chefes de família", tinha efectivamente acontecido. Dobradinha? O campeonato foi como foi e queriam a dobrada?!
Nem com os empurrões do costume.
Deu-me muito gozo, à noite, quando fomos jantar à Portugália, junto ao Tejo, no silêncio envergonhado e cabisbaixo da cidade, ver três viaturas de lagartos, a percorrer as ruas da baixa , bandeiras e cachecóis desfraldados, a associarem-se à festa do Vitória.
Os bons chefes de família sofrem cada uma!
Dias depois em Portalegre, em conversa com um fanático e fundamentalista lampião, contava-lhe eu estes episódios por mim testemunhados e, do alto da sua prosápia atrabiliária e desbocada, atira-me com esta «pois, em Portugal ou se é benfiquista ou anti-benfiquista». «Não é verdade, respondi-lhe, mas, se fosse, já te deste conta dos motivos?»
Trinta anos depois do 25 de Abril, estes benfas bafientos e caquéticos continuam a pensar à maneira do velho regime que lhes deu tantas glórias e benesses: «quem não está por nós está contra nós».
Mas são todos «bons chefes de família»!