terça-feira, fevereiro 15, 2005

Se o meu país...

  1. - Se o meu país fosse um país de gente séria, a Justiça seria idónea e séria, imparcial e atempada e não o simulacro com que a cada momento deparamos e nada tem a ver com o que se crê ser um estado de direito Não seria esta república das bananas em que os casos judiciais dos ricos e poderosos se deixam prescrever com a total impunidade de quem é responsável por essas prescrições, em que os magistrados de um conselho de disciplina agem persecutória e despudoradamente contra um clube que não lhes é afecto, em que grande número de doutos e meretíssimos juízes se preocupa mais com o protagonismo mediático do que com o isento julgamento das causas. Coisas de terceiro mundo? Se calhar de quarto!
  2. - Se o meu país fosse um país de gente séria, as investigações judiciárias e as actuações do Ministério Público teriam um carácter de procura da verdade, assente em critérios de isenção e rigor, e não com um ar de questão encomendada com propósitos e fins pouco claros. Os recentes exemplos da pedofilia em julgamento e o caso do Apito Dourado são bem elucidativos do que acabo de referir. Só há (havia) pedófilos numa determinada área política? E a alargadíssima rede de que se falava , até na imprensa estrangeira, são só meia dúzia de gatos pingados? O Carlos Mota não é ouvido nem constituído arguido porquê? Mas ninguém lhes vai à mão, não vão ficar chamuscados! No Apito Dourado (ou será vermelho desbotado?), no fim de contas, todo o mundo do futebol é corrupto, todos, de norte a sul e até das ilhas (é para espantar!!!) têm culpas no cartório. Todos não. Os únicos de mãos limpas, os impolutos (com um passado no mundo dos negócios pessoais de estarrecer, mas isso não interessa!!!) são os dirigentes, os árbitros, os agentes desportivos sediados na capital. Abençoados sejam!!! É dos mais elementares princípios da teoriazação política e económica que as manigâncias e as trafulhices, a corrupção e o despautério financeiro, os jogos de pressão e de influências se dão onde se encontra e centraliza o poder político, administrativo e económico. Entre nós não é assim. Em Lisboa estão os bons. O resto do país é que não presta. Cabalas? Deus me livre. São só coincidências.
  3. - Se o meu país fosse um país de gente séria, não havia um ministro das finanças, sectário adepto de um determinado clube, que aproveita o facto dessa instituição pretensamente não ter dívidas ao fisco ( é curioso que sendo ainda há pouco o clube com mais problemas financeiros do país, por um golpe de mágica, e depois de construir um estádio novo, e depois de ter jogadores com os salários mais altos do país, Nuno Gomes, Roger... passou a não devedor!!! e ainda dizem que não há milagres!!!) para lançar um anátema sobre os outros que se preocupam por ter uma gestão correcta e atravessam dificuldades de vária ordem e lhes reclamar dívidas que, se calhar, não são devidas. Outro Catroga? Se se preocupasse com as fugas aos impostos daqueles que gravitam lá pelas bandas do seu partido e do seu clube!!!
  4. - Se o meu país fosse um país de gente séria, os dirigentes dos clubes e os agentes desportivos procurariam ser um pouco mais transparentes e honestos nas suas atitudes e, vá lá, a ter um bocadinho mais de cultura geral, o que, diga-se de passagem, só lhes ficava bem.
  5. - Se o meu país fosse um país de gente séria, a comunicação social não estaria apenas mancomunada aos interesses do e da capital e aos interesses de um único clube, não ostracizaria quem mais tem feito pelo seu país em termos desportivos nos últimos anos e procuraria ser isenta e imparcial.
  6. -Se o meu país fosse um país de gente séria, não haveria líderes partidários que em campanha se aproveitariam de um acontecimento de luto religioso para tirar aproveitamento oportunista e demagógico do facto.
  7. - Ai, se o meu país fosse um país de gente séria...