segunda-feira, janeiro 10, 2005

Onde vamos parar?

Quando, na Madeira, o Vítor Baía ( tu não andas bem, rapaz!!!) resolveu presentear os prosélitos do Alberto João com um anafado peru e, na segunda parte, o Postiga (que grande, enorme contratação !!!) ajudou à festa com dois foguetes, com todas as condições para marcar (a propósito, quantos golos já valeram os milhões que custou?), pensei com os meus botões:«bom, espero que os presentes natalícios tenham terminado, que os jogadores recuperem neste tempo de repouso até ao recomeço (os jogadores do Chelsea jogaram 4 partidas, enquanto os nossos descansavam!), que o treinador comece a conhecer os atletas que tem e a tirar deles o rendimento necessário para formar uma equipa a sério, que o preparador físico proporcione aos jogadores os índices físicos de que estão carenciados, espero, enfim, que tenham acabado as desculpas esfarrapadas e, no próximo ano, se encete uma vida nova, como costuma dizer-se».
Imaginem, pois, qual o meu espanto ao deparar com o que aconteceu na gélida noite de domingo passado!
A determinada altura dei comigo a esfregar os olhos de incredulidade, já que não acreditava no que se passava à minha frente no campo de futebol.
Começou logo com a constituição da equipa: será que o treinador estudou o adversário? A sua forma de jogar? Os jogos dos vilacondenses com os clubes de Lisboa não lhe ensinaram nada?Não sabia também das condições físicas dos seus próprios jogadores? Do Seitaridis e do Costinha, por exemplo. Viram- se os resultados. E porquê insistir em meter o César Peixoto que, se alguma constância tem, é a de porfiar no disparate? Vendam-no, emprestem-no, dêem-no, mas, por favor, não o ponham a jogar, porque ali não há um problema de falta de técnica ou de capacidade física, há apenas e somente um problema de mentalidade obtusa que o treinador não sabe ou não pode resolver! O César está convencido de que pode fazer três, dez, vinte asneiras, todas idênticas, todas da mesma maneira, porque alguma vez há-de dar certo. Se calhar chama-lhe criatividade. Que se há-de fazer?
Depois, o encontro. Dum lado uma 'equipa' vestida de branco, do outro, onze homens equipados à Porto, tolhidos pelo frio por fora e por dentro, sem esquema de jogo, aos baldões do acaso, atrasos e mais atrasos, jogadas para o lado, desacerto nos passes, confusões na área ( antes do golo do Rio Ave só não sofremos outros por mero acaso...), tudo sem nexo. Também podíamos ter marcado antes! Pois podíamos. Mas a fífia do Costinha estava cada vez mais a adivinhar-se...
O Baía disparatava, a defesa claudicava, a linha média não existia, o ataque falhava...e o treinador? Sentava-se e levantava-se, dava indicações que ninguém atendia e depois...depois comentava para o adjunto, como se os únicos responsáveis pelo descalabro fossem só os jogadores! (Senhor Presidente, do alto do seu camarote, não vê estas coisas? Ainda acha que é de propor a renovação do contrato a este senhor? Onde está o presidente de vinte e dois anos de sucessos?)
Na segunda parte fiquei boquiaberto, quando vi o Hugo Leal. Disse até para o meu vizinho do lado:«não tarda muito e mete o Postiga!». Fico nas dúvidas se estes dois não lhe darão rebuçados? Vá lá que o Hugo fez o passe para o golo! Mas com que lentidão joga o rapaz! E ainda não lhe ensinaram a jogar de cabeça? Sempre que salta à bola parece que fecha os olhos e seja o que Deus quiser! O treinador não vê isso?
No recomeço da segunda parte não sofremos o segundo golo por mera sorte. Logo a seguir o Baía coloca a bola nos pés dum adversário que não marca, porque não calhou. Depois... cinco médios... para os defesas e o guarda-redes atirarem a bola pelo ar a sobrevoar a linha média e os dois aríetes andarem em bolandas e a perder as bolas. Isto é estratégia? E, vem dizer para a comunicação social que falta criatividade à linha média. Pudera, não. Quanto aos lances de bola parada estamos conversados!Quanto à articulação por e entre os diferentes sectores também estamos conversados. Olhem, só não perdemos, por acaso. Como dizia o Diego no fim do jogo, com muito realismo, «atendendo ao que se passou em campo, o resultado até nem foi mau». Concordo plenamente com ele.
Uma coisa me consola no meio desta desgraça: é que, apesar da comunicação social ter andado três semanas a levá-los ao colo, numa de propaganda e incentivo que os partidos políticos não enjeitariam, os lampiões também não estão melhor. Marcar um golo em fora de jogo ( se tivesse sido ao contrário, o que não teria sido!!!) e, com mais um jogador em campo, não terem sido capazes de rematar uma vez que fosse à baliza adversária é obra! Mas com o mal dos outros posso eu bem.
Com o nosso é que é pior, Senhor Presidente!