quarta-feira, novembro 24, 2004

Lá vamos cantando e rindo...

  • - Aqui há dias , depois de em Barcelos se ter entronizado outro galo que não aquele que salvou da forca o infeliz injustiçado, contaram os jornais que o conselho de ministros deste governo que, na prossecução da sua genial intenção de economizar uns tostões para o erário público, vai vilegiaturando as suas sessões pelo país fora, teve lugar a bordo do navio-escola 'Sagres'. Não sei se o 1º ministro ou o ministro do mar tiveram a preocupação de saber se os seus comparsas de governação eram atreitos a enjoos ou não, o que é certo é que ele se realizou e o ministro de estado (do estado a que isto chegou, penso eu!) até se deixou fotografar com um boné da marinha, o que fica sempre bem nesta celebrada circunstância. No entanto, apesar de eu reconhecer que a minha opinião poderá colidir com a de um tal gabinete de imagem, criado para este e outros efeitos similares, creio que uma ideia mais original poderia ter um impacto muito maior e, com certeza, iria adequar-se melhor ao propósito dos nossos governantes. É minha profunda convicção que, para assinalar convenientemente a efeméride do dia do mar, o conselho de ministros deveria ter tido lugar não no navio, mas debaixo de água, mesmo defronte da Torre de Belém. Todos de escafandro, para não meterem mais água do que aquela que metem em terra quando decidem nos ministérios, proporcionariam uma reunião original e que com toda a certeza seria falada em toda a parte. Não decidiriam nada, porque também não é para isso que lá vão, uma vez que já está tudo decidido, mas tinha, pelo menos, o mérito de ser diferente. Entrementes, enquanto a população, apinhada no cais, gritaria delirante:« Portas ao mar! Portas ao mar!», uns poucos de bandeira e cachecol, impantes de nostalgia, cantariam num soluço: «heróis do mar...». Seria tão bonito.
  • - Quero começar por dizer que não me tenho na conta de racista nem de xenófobo. No entanto, há alguns problemas relacionados com a imigração que me fazem pensar e até, em certa medida, me preocupam. Quando, na década de sessenta se reacendeu o fenómeno migratório em Portugal, primeiro para a Europa e depois para África, os emigrantes (independentemente das razões políticas, económicas... que os levaram à dramática decisão de partir), quando chegavam aos países de acolhimento, inseriam-se no mercado de trabalho local e com o seu esforço ajudavam a criar riqueza para esses mesmos países. No caso de Portugal, como país de destino, a situação é totalmente diferente. Tirando o caso dos imigrantes de leste, de grande número de brasileiros e dos africanos das ex-colónias e de alguns territórios vizinhos que, na construção civil e noutros segmentos do mercado de trabalho, fazem entre nós aquilo que nós fazíamos e fazemos nos países para onde emigrámos, o que fazem os restantes imigrados? Qual é a contribuição da enorme massa de magrebinos (marroquinos, argelinos, tunisinos...) para o produto interno bruto? Qual é a contribuição dos milhares de chineses e demais orientais que, exceptuando aqueles que investiram na restauração, enxameiam as cidades, as vilas e até as aldeias com lojas de minudências? Qual é a contribuição dos ciganos (quem os viu e quem os vê!) muitos deles romenos, ciganos que ou se dedicam ao negócio muitas vezes, atrevia-me a dizer quase sempre, muito escuso (tráfico de droga, de armas e sei lá que mais... as fortunas não caem do céu aos trambolhões) ou então à pedinchice mais abjecta? Trabalhar é que não é com eles. O trabalho não se dá com os magrebinos, nem com os chineses, nem com os ciganos... Deve cansar muito.Traficar, enganar, burlar, se possível roubar.Isso sim. Por que será que com tanto cigano, com tanto magrebino por essas terras, por essas feiras, feirinhas e feirotas, por essas estradas de Portugal eu, que até percorro o país com frequência, ainda não vi uma operação stop em que eles fossem fiscalizados? Por que será? Será por mero acaso? Oxalá não estejamos a meter entre nós o cavalo de tróia da nossa destruição.