Que se passa com o meu clube?
Compreendo que a quantidade de êxitos retumbantes, principalmente nas últimas épocas, tanto a nível do futebol como das outras modalidades mais significativas, é tarefa irrepetível, sobretudo nos tempos mais próximos. Compreendo e aceito, porque é muito difícil manter durante muito tempo a conjugação de factores que deram origem a tal sucesso.
No entanto, uma chamazinha, no fundo de mim mesmo, alimentava a esperança de que o estado de graça se pudesse manter por mais uns tempos. Não na plenitude alcançada, mas numa situação de grandeza que pusesse os adversários ( na forma como se comportam connosco não lhes chamaria adversários, mas inimigos!) em respeito e a roerem-se de inveja. E essa chama reacendeu-se quando começaram as contratações que, em princípio, iriam colmatar as saídas do treinador e de jogadores influentes como foram aqueles que rumaram outras paragens.
Que aconteceu, porém? Para lá do equívoco que foi a pré-época e a contratação do Del Neri, a compra e venda de jogadores foi qualquer coisa de surrealista. Não consigo perceber ( a não ser por despropositada guerra clubística com outros clubes) as contratações de jogadores para depois serem cedidos por empréstimo a outros como é o caso do Paulo Assunção ou definitavamente como o Rossato, jogador de categoria, vendido ao preço da uva mijona e que nos está a fazer uma falta tremenda.
Contudo, para mim, os maiores disparates, prenderam-se com a aquisição caríssima do Helder Postiga (o rapaz tem potencialidades, mas precisa, por muitos e bons anos, da rédea curta de um treinador como o Mourinho, rédea essa que, julgo, este treinador lhe não põe), em troca (num mau negócio!) por um sensacional Pedro Mendes, importantíssimo em muitos jogos da época transacta. Não terá sido evidente a razão pela qual o 'menino' não jogava em Inglaterra? Eles não são burros. Foi porque os jornais diziam que os lampiões estavam interessados nele? Deixassem-no ir e que lhes fizesse bom proveito. Ou foi porque o Scolari o convocou? Também convocou o Bruno Vale!
E a manutenção de jogadores medíocres como o César Peixoto e o Maciel? Apesar de não achar o Cândido Costa um jogador por aí além, no meu entender é muito mais consistente que o Maciel. Não teria sido preferível a compra de um Douala ou de um Manduca? Não teria sido melhor um Jorginho?
Por outro lado encetou-se a compra de jogadores jovens para a equipa B, jogadores apresentados como de inegável talento, mas que, no respectivo campeonato, parece que desaprenderam, visto que acumulam uma série de insucessos que não se coadunam com o investimento efectuado. Será culpa do treinador? Ou então de quem é?
Têm condições de trabalho como nenhumas outras equipas. Por que não aparecem os resultados?
Perderem em casa com os Dragões Sandinenses e outros resultados similares é uma vergonha que só os desprestigia. Não me digam que é com estes jogadores que se está a pensar para uma futura grande equipa?
Nas camadas mais jovens passa-se a mesma coisa. Com muito menos recursos outros clubes alcançam resultados que os nossos não conseguem. Porquê? Já se julgam vedetas só pelo facto de vestirem de azul e branco? Creio que estes problemas deveriam merecer uma reflexão atenta por parte de quem dirige.
Nas outras modalidades a mesma coisa. Nas épocas passadas alardeámos uma superioridade incontestável, mas os outros não ficaram a dormir. Temos que estar atentos para não nos deixarmos ultrapassar.
Neste defeso o meu clube deu-me a impressão de um funcionário público remediado que, à custa de muito trabalho, dedicação e sacrifício, conseguiu alcançar um estatuto que os colegas invejam, mas receiam. De repente sai-lhe a sorte grande. Não só começa a esbanjar o que ganhou como a perder os valores que o nortearam.
Oxalá esteja enganado e estas considerações não sejam mais do que uma hipocondríaca manifestação de pessimismo.
É que, para que o meu clube continue a ser cigarra, é preciso que as formigas que o compõem continuem a trabalhar como o faziam ou, se calhar, ainda mais.
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