quinta-feira, dezembro 11, 2003

O aborto

No ‘ Público’ de hoje, 4ª feira, 10 de Dezembro, gostei particularmente de um artigo nele inserto,
de tal maneira que já aconselhei a sua leitura a várias pessoas e, mais do que a leitura, uma reflexão sobre o conteúdo. Estou a referir-me à crónica do Joaquim Fidalgo ‘Vidas e vidas’. É curioso como quase sempre os artigos deste jornalista tem um quid que faz pensar e pensar muito. Sou, em princípio, contra o aborto, embora saiba que a maior parte dos argumentos utilizados por aqueles que defendem uma posição similar não passa de falácias onde se escondem verdadeiras hipocrisias. No entanto, num assunto tão melindroso, tão extremamente delicado em que se põe em causa a vida de um ser em gestação, é difícil tomar uma posição definitiva sem se equacionarem com a devida ponderação e seriedade todos os ângulos dessa questão. Julgo que o artigo de Joaquim Fidalgo é exemplar na forma como ajuda a equacionar alguns dos dados do problema. Também eu me revolto com a falta de coerência de muitos daqueles que se intitulam de paladinos do direito à vida de qualquer feto e, sem o mínimo rebuço, são capazes de deixar morrer à míngua no desespero e na lama um desgraçado qualquer. Vai uma aposta em que há gente capaz de encabeçar um dos tais movimentos contra o aborto, mas, porque não faz parte do seu desiderato político, pouco lhe importa que muitos dos sem abrigo não tenham uma refeição sequer para mitigar a fome.
Não sei se me enganarei muito, mas tenho quase a certeza de que um conhecido demagogo e populista da nossa praça que agora até sobre democracia ( uma democracia muito peculiar e ao seu jeito, evidentemente ) se deu ao luxo de quotidianamente opinar, é um intrépido defensor do direito à vida mesmo embrionária, tenho quase a certeza, dizia eu, de que está pedindo a todos os santinhos do céu para uma bombazita iraquiana matar uns poucos de portugueses da GNR que foram para essas bandas, porque era uma lástima, mas dava um jeitão para a sua propagandazinha pessoal. Agora que os ventos estão de feição, vinha mesmo a calhar!
Apesar de ‘remake’ da encenação Magiollo Gouveia, não voltava a ficar mal um joelho no chão e o ar solenemente abatido de dor e emoção, a majestade patética que só os grandes actores sabem dar nos transes da tragédia... Temos que convir que não seria marcante...seria imorredoiro! É que há momentos que valem uma eternidade ! Qual direito à vida, se em causa está o orgulho nacional!!!
«O soldadinho já volta do outro lado do mar...» não passa de paranóias de esquerdismo barato.
«A morte, sim, a morte, por um momento de glória como este! O outro não dava o reino por um cavalo! Acaso não sou melhor?
«E as tiradas grandiloquentes que eu poderia proferir nessas alturas! A deixarem para trás ‘portugueses temos o Santa Maria connosco!’»
Como vêem, mandar soldados para o desafio de uma morte traiçoeira e iminente não é um crime. É um acto de coragem e de verdadeiro chefe. Que nem à tropa foi. Por acaso.
Crime, isso sim, é matar um feto embrionário ainda em fase de formação. E, se calhar o ‘iluminado’ até acaba por ter razão. De outra forma como é que poderiam surgir abortos como ele?
. Bem hajas, Joaquim Fidalgo.

1 Comments:

At 23 de novembro de 2008 às 20:10, Anonymous Anónimo said...

so queria dizer que sou sobrinho do Joaquim... para me gabar... :) abraço

 

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