terça-feira, novembro 18, 2003

Porquê DOURO AZUL?

Após o envio de algumas cartas ao director do “Público” com reparos e comentários que me pareceram pertinentes e ajustados, apesar de críticos em relação ao jornal, depois de ter tecido algumas considerações junto da direcção da Sporttv quanto ao critério de escolha e à forma de actuação dos comentadores desportivos da referida estação televisiva, como nem uns nem outros tiveram sequer a delicadeza de , ao menos, acusar a recepção das mensagens ( democratas, democratas, mas é só quando lhes convém! Ou então se os respectivos patrões a isso os obrigam !), resolvi criar o meu blogue para, sem estar à espera de ninguém, poder dizer o que me vai na alma, comentando e desabafando, consoante se proporcionar a oportunidade. Poderão ser críticas leves e despretenciosas umas, outras mais duras, mais a “bruto”. Eu disse a bruto e não ‘abrupto’, J. P. P.! É que não me meto por esses caminhos subtis e enviesados que, muitas vezes, acabam por ser uma forma diferente de promoção mediática, para acabar , num acervo de isenção e ética invulgares, como comentador de um qualquer canal de televisão, caixa de ressonância do poder vigente. Sem qualquer intuito de manipulação, longe disso, que por essas bandas não há maniqueísmo!!! Esses são os outros!...
Douro Azul, porquê ?
Desde pequeno, quase criança de colo, que este rio me fascina. Todos os anos, aquando das férias, acompanhava-o extasiado, da janela do combóio, para depois no Pocinho apanhar a linha do Sabor. Sempre uma revelação. Sempre um encantamento. Não sei se foi o rio que moldou o homem e lhe transmitiu forças e coragem indómitas, o carácter rude, mas franco e sincero, se foi o contrário e ao ver o homem aformosear-lhe as margens com socalcos de espanto e suor, resolveu retribuir esses carinhos extremosos com néctares de assombro e de magia. Não sei. Mas há uma tal idiossincrasia, uma tal comunhão entre as duas margens, que o Douro, ora tempestuoso e irado ora meigo e dócil em vez de as separar, irmana-as e entrelaça-as em venturas e desgraças como se se tratasse de uma mesma artéria dum só corpo. E é. Portus Cale. Duas cidades ribeirinhas que tendem cada vez mais a se estreitarem de novo!
Não foi daqui que houve nome Portugal? Se as estórias que a história conta tanto numa como noutra escorrem pelas paredes do velho casario entre ruas e vielas e os candeeiros tristes e sós, como diz o Carlos Tê!
Há muito que sonho com o dia em que as duas se tornem num único centro urbano, irresistível pólo aglutinador de um norte rejeitado e esquecido, a quem dão migalhas por prebendas e ficam ofendidos por não sabermos ser agradecidos. Diz Sebastião da Gama que pelo sonho é que vamos. Estou feliz porque um dos políticos que mais admiro, Filipe Menezes, alinha na mesma utopia. Que o meu F.C. do Porto começou a corporizar. Um Douro azul numa cidade azul ?! Há lá qualquer outro “rio” que lhe possa fazer frente!